Hannibal Henriques

Muito influenciado por toda uma família que tinha fortes ligações ao fado amador, por incrível que pareça, a minha estreia em público e o início da minha carreira foi aos 3 anos de idade, acompanhado por guitarra e viola numa casa de fados “o cravo” na venda do pinheiro, e daí em diante, estava quase todos os fins de semana a cantar fado desde os 3/4 anos. (A minha infância não foi muito normal)
Aos 5, em 1982, concorri á grande noite do fado sendo a primeira criança a participar nesse evento tendo alguma uma visibilidade na mídia da época, inclusive , aparecendo no jornal da noite.
Depois da grande noite do fado veio a minha primeira tour aos 6/7anos á Alemanha e Holanda com artistas conhecidos da época ,Maria José Valério por exemplo entre outros, mas nunca passei do fado amador.

Até aos 13/14 anos a minha vida foi quase sempre em ambiente de fado.
Novas influências musicais na escola fizerem com que me fosse afastando aos poucos desse ambiente.
Aos 15, a primeira banda de bailes com amigos do bairro do Zambujal de Loures onde vivia, e depois também em algumas passagens no circuito de bares também, foi uma aprendizagem que levei comigo até conhecer o Ricardo, formar a dupla Ricardo e Henrique e tornar-me profissional na música desde 1999.
Fui profissional durante 20 anos ao lado do Ricardo, mas foi um percurso muito atribulado com mais baixos que altos a nível pessoal nesse período de 20 anos.
Em 2009 por motivos de doença tive de suspender a minha carreira com o Ricardo, deixei de me conseguir mexer de um dia para o outro e 6 meses depois foi-me diagnosticado síndrome de reitter.
Comecei uma longa e difícil luta contra a doença mas dei luta e consegui controlar a doença em 2011.
Durante esse período escrevi muitas canções que ficaram na gaveta.

A Dupla aparece em novamente em 2010, mas com a minha vida completamente destruída pelo abalo que a doença provocou e ainda estava a provocar.
Fiquei sem nada literalmente,trabalhei bastante em sofrimento a descarregar camiões á noite e a fazer figurações durante o dia ,foi um período complicadíssimo.
Eu queria ter saído da dupla em 2014 , já não me identificava com o projeto e queria seguir outro rumo,mas ironicamente, um tema fez algum sucesso em 2014 e a carreira dispara em força, mas os meus problemas continuaram….
Por má gestão acumulei uma dívida avultada á segurança social.
A Editora Espacial fez um acordo comigo, eles pagavam parte da dívida com o plano Peres em 2015 e que ficaria até 2019 na dupla.
Assim foi, em 2019 acabo a dupla, não pelo COVID, mas porque já tinha pago a dívida á editora e como havia dito quando tivesse a dívida paga que saía e foi o que fiz, porque apesar de toda a visibilidade eu fui quase sempre infeliz naquele projeto até acabar o acordo com a editora.

Assim que saí da dupla, fiz uma formação em Massagem holística, comecei e exercer e estava tudo a correr bem até aparecer a epidemia.
Tive de repensar tudo de novo.

Fui trabalhar para os armazéns da FNAC a fazer picking á noite através de uma empresa de trabalho temporário, ainda lá trabalho.
Curiosamente, fiz vários pickings de CDs de Ricardo e Henrique ironicamente.

Comecei a ser motivado por terceiros a regressar aos palcos, sobretudo amigos de trabalho que me ouviam e ouvem sempre a cantar pelos corredores do armazém e músicos amigos meus.

Um dos meu amigos músicos durante a pandemia lançou-me um desafio que me fez refletir e equacionar bastante sobre o meu regresso aos palcos.
Decidi aceitar o desafio e comecei uma nova aventura e neste momento com muito sangue,suor e lágrimas, tenho um EP , uma edição de autor com que tanto sonhei e desejei num conceito e registo musical que reflete aquilo que sou a cada letra que canto.
Os sonhos não têm idade, e o meu sonho é não ser apenas mais um no meio musical porque amo e respeito muito a verdadeira essência da música, sinto que ainda tenho algo de positivo para contribuir á música nacional.

Grato🙏

Hanibal